sexta-feira, 30 de março de 2012

Jogos proibidos no Brasil - MATÉRIA

Há algum tempo atrás, houve uma comoção entre os gamers devido ao projeto de Lei nº 170/06, do senador Valdir Raupp, que previa a proibição de jogos eletrônicos "ofensivos aos costumes, às tradições dos povos, aos seus cultos, credos, religiões e símbolos". Ou seja, praticamente qualquer jogo poderia ser incluído nessa lista. 

No final das contas, conseguimos que houvesse o adiamento da votação por tempo indeterminado. Só que, infelizmente, ainda há chances de algo assim vir a ser aprovado, mesmo parecendo que não será tão cedo.

Desde já, é bom deixar claro que o Um Hit Point é contra qualquer tipo de proibição de games. Tudo bem, alguns deles são mesmo bem pesados e chocantes, mas é pra isso que existe a classificação etária. Coloque lá um "para maiores de 18" e pronto, deixa a galera ser feliz.

E vamos ser sinceros, esse tipo de banimento não impede que ninguém jogue. Pelo contrário, apenas faz uma propaganda maior. Hoje em dia, diferentemente de há 10 anos, é muito fácil adquirir um jogo em outro país, seja importando ou simplesmente comprando pelo Steam, GOG ou qualquer outro site estrangeiro. Me falem um jogo banido do Brasil, que eu imediatamente ficarei curioso e arrumarei uma cópia original só pra ver o que tinha de tão ruim assim.

Também tem outra coisa... desculpe, mas se seu filho viu um jogo de video game e sentiu vontade de sair matando ou machucando as pessoas, o problema não são os games, é seu filho que já tinha algum distúrbio desde o começo. O jogo, nesse caso, foi no máximo um catalisador, que poderia muito bem ser uma briga por futebol, discussão no trânsito ou uma namorada infiel.

O melhor meio de impedir que os video games destruam famílias é criando bem os filhos. Se eles entenderem que aquilo é só um jogo, que não é real, pode colocá-los pra jogar até Manhunt, que não terá problema algum. Pelo contrário, já foi provado cientificamente que jogos eletrônicos desenvolvem várias habilidades mentais, como o raciocínio e os reflexos, além de serem professores de inglês melhores do que todos os que eu já tive na escola juntos.
De qualquer maneira, devemos lembrar que, mesmo não existindo uma lei específica banindo jogos, ainda há aqueles cuja comercialização e distribuição foram proibidas no Brasil, geralmente por ordem judicial. Esta matéria traz a você uma lista deles junto com uma breve explicação, para que decida se acha ou não que há motivos para tanto alarde:

Blood

Desenvolvedora: Monolith
Lançamento: Junho de 1997


Proibido no Brasil desde 1999, este game se trata de um FPS, como boa parte dos outros desta lista. À época, esse tipo de jogo não era tão comum quanto hoje e a imersão que trazia gerou preocupação nos mais conservadores, pois tem como objetivo fazer com que o jogador se sinta no lugar do personagem. Infelizmente, são esses consevadores que escolhem o que querem ou não proibir.

Aqui, você é Caleb, o ex-líder de uma seita pagã/herege que, após ser morto pela traição de Tchernobog, volta dos mortos para buscar vingança. E seu caminho para destruir seu inimigo está cercado de oponentes que serão mortos das maneiras mais violentas e sangrentas possíveis, misturadas com humor negro e temática ocultista. 

Tudo bem que os gráficos hoje são risíveis, mas na época era considerado um jogo com aparência muito realista.


Bully

Desenvolvedora: Rockstar Vancouver
Lançamento: Outubro de 2006


Proibido no Brasil desde abril de 2008. Nesse jogo, você assume o papel de Jimmy Hopkins, um garoto matriculado no internato Bullworth Academy, um local cheio de professores corruptos, alunos mal-encarados e grupos de alunos querendo te pegar. Agora, você deve se virar para sobreviver nesse lugar, podendo escolher tanto ajudar os alunos mais fracos (em troca de recompensas) quanto bater neles para roubar o dinheiro do lanche.

Em termos de violência explícita, Bully é o mais fraco desta lista. No entanto, há alguns anos que aumentou muito a preocupação nas escolas brasileiras com o conhecido bullying, assunto que esteve em todos os jornais em determinada época, o que certamente influenciou muito na decisão de proibir esse game.


Carmageddon e Carmageddon II - Carpocalipse Now

Desenvolvedora: Stainless Games
Lançamento: Junho de 1997 e Novembro de 1998
 

Com base no filme Death Race 2000, Carmageddon é um jogo de corrida no qual você pode vencer de três maneiras: fazendo o percurso em menos tempo, destruindo os outros carros ou matando todos os pedestres. Sabem todos aqueles jogos que os anti-video games dizem que você ganha pontos por matar inocentes? Pois é, neste aqui, você realmente ganha.

A fim de diminuir o fator violência, em muitos países o conteúdo foi editado, transformando as pessoas em zumbis ou robôs (apesar de que eu nunca engoli ter zumbis que se ajoelham e imploram para não serem mortos). Aqui no Brasil, no momento da instalação era requerida uma senha. Com essa senha, você encontrava seres humanos normais e, sem ela, eles eram substituídos por robôs. Mesmo assim, esse jogo acabou sendo proibido.

O game Carmageddon II - Carpocalipse Now acabou sofrendo o mesmo destino que seu antecessor, pelos mesmos motivos, passando inclusive pelas alterações que transformaram as pessoas em zumbis.


Doom

Desenvolvedora: Id Software
Lançamento: Dezembro de 1993


Nesse jogo, você assume o papel de um fuzileiro espacial enviado para Marte, com o objetivo de ajudar na construção de um portal de teletransporte entre as duas luas desse planeta: Phobos e Deimos. Mas, por um erro durante um experimento, o que é aberto é um portal para o inferno, de onde começam a sair diversas criaturas demoníacas, que matam todos os seus companheiros. Agora, você deve ir até as profundezas do próprio inferno a fim de impedir que esses demônios invadam a Terra.

Doom deu um salto em imersão quando surgiu, trazendo diversas inovações em questão de ambientação, iluminação, cenários e outros aspectos, que contribuíram para que se tornasse mais real (tanto quanto um jogo daquela época poderia parecer real).

Infelizmente, alguns velhos rabugentos acharam que era realista demais e que poderia fazer mal pras pobres crianças inocentes e acabaram proibindo o jogo, durante a crise da metralhadora no cinema, da qual falaremos no próximo game. 


Duke Nukem 3D

Desenvolvedora: 3D Realms
Lançamento: Janeiro de 1996


Okay! Se você joga video games e nunca ouviu falar de Duke Nukem, larga esse joystick preto porque você não é gamer, você é moleque! Tenho certeza de que todos nós sabemos quem é esse cara: loiro, bombado, machista e narcisista, praticamente um Johnny Bravo hardcore.

O jogo trouxe ainda mais inovações aos jogos de fps, como a possibilidade de se abaixar ou pular. E mais: em determinada fase, você podia até mesmo se ver no espelho. Adicionado ao fato deste provavelmente ser o primeiro FPS em que o protagonista tem uma personalidade, não é surpresa alguma que fez tanto sucesso.

Qual foi o problema com este jogo? Bom... em 3 de novembro de 1999, um ser humano chamado Mateus da Costa Meira achou que seria uma ótima idéia puxar uma metralhadora e alegremente sair atirando nas pessoas no meio do cinema, durante uma sessão de Clube da Luta. Um filme ótimo passando e o cara fica de costas pra tela atirando nos outros? Um babaca completo, não?

Enfim, ao que parece, os advogados desse desinfeliz tentaram fazer com que ele tivesse a  pena reduzida, dizendo que foi influenciado pelo Duke Nukem 3D, que também tem uma fase que se passa no cinema. Resultado: no final de 1999, Duke Nukem 3D acabou sendo proibido, junto com outros games, como Blood e Doom.

Me pergunto se a justificativa foi só o excesso de violência, ou se a pornografia presente no game também teve algo a ver com isso. Bom, tanto faz. Vamos pro próximo, porque isso já está me irritando.


EverQuest

Desenvolvedora: 989 Studios
Lançamento: Março de 1999
 

Proibido em janeiro de 2008, junto com Counter-Strike, por decisão da 17ª Vara Federal da Seção Judiciária do Estado de Minas Gerais, EverQuest se trata de um MMORPG como todos os outros, você entra em um mundo de fantasia, escolhe sua raça, sua classe, e sai por aí se aventurando e cumprindo missões.

Agora você se pergunta: "Sério? E daí? Já vi dúzias de jogos como esse". Pois é, eu também estou tentando entender. De acordo com o juiz que proferiu a decisão, "o jogo leva o jogador ao total desvirtuamento e conflitos psicológicos pesados, pois as tarefas dadas no jogos podem ser boas ou más".

E, com essa explicação em mente, eu pergunto: "Sério? E daí?"

Sinceramente, parte essencial de se jogar video games é saber a diferença entre ficção e realidade. Se seu filho for sair por aí matando gatos porque no jogo mandaram ele matar leões, tem algo errado tanto com ele quanto com você, que criou um moleque que não sabe distinguir a verdade da fantasia. Favor se internarem juntos e serem uma linda família maluca feliz.


Grand Theft Auto

Desenvolvedora: Rockstar
Lançamento: Primeiro jogo lançado em outubro de 1997


Hum... vejamos... um jogo em que você é membro de uma gangue e que te dá a possibilidade de matar velhinhas na rua, assaltar bancos, contratar prostitutas, ir a cabarés, matar policiais... ah, e em um dos games é possível destravar a opção de participar de um mini-game de sexo explícito. Qual será o motivo para terem proibido este game?

Isso mesmo, você acertou! Direitos autorais!

 ...como assim, não faz sentido?

Calma, eu explico. Apesar de ter gerado muita polêmica e de ter sido ameaçado de proibição inúmeras vezes, especialmente após o GTA III, que trouxe o jogo para um mundo sandbox em 3D, o que tornou os atos do jogador ainda mais explícitos, nunca chegou realmente a haver uma decisão proibindo qualquer game da franquia.

Quero dizer, isso até o Ballad of Gay Tony, uma expansão, lançada em 2009, do GTA IV. Só que a proibição não foi pelos motivos que eu falei acima, mas sim porque um tal de Mc Miltinho, em outubro de 2010, entrou com um processo contra a Rockstar alegando que uma música sua, chamada "Bota o Dedinho pro Alto", foi usada no jogo sem permissão.

Assim, a 3ª Vara Cível de Barueri/SP deferiu uma liminar e determinou que todas as cópias do jogo à venda fossem recolhidas não apenas no Brasil, mas no mundo todo. Felizmente, depois acabaram voltando atrás e a proibição passou a valer apenas para este país.

Agora... Mc Miltinho... cá entre nós... ninguém, e eu digo NINGUÉM vai comprar GTA porque tem a sua música. Eu nem sabia quem era você até entrar com esse processo. Ao invés de ficar ofendido porque usaram sua música, deveria ficar feliz pela propaganda gratuita, já que nunca tantas pessoas tinham ouvido a tal "bota o dedinho pro alto".


Requiem: Avenging Angel

Desenvolvedora: Cyclone Studios
Lançamento: março de 1999


Bom, vamos analisar: um fps baseado nas religiões cristãs, em que você assume o papel de um anjo que sai por aí armado atirando em monstros. No papel do anjo Malachi (ou Malaquias), o jogador deve usar seus poderes angelicais (e suas armas) para impedir os planos dos anjos caídos, no reino do Caos e na Terra. Por essa descrição, dá pra entender o que pensaram quando proibiram.

Na verdade, por não ser um game tão popular, eu encontrei bem pouca coisa sobre sua proibição. Aparentemente, foi na mesma época em que proibiram o Carmageddon, mas não consegui descobrir muito mais do que isso. Aliás, tirando o conteúdo pseudo-religioso, não encontrei motivo algum para proibirem, já que não vi o tal anjo matando nenhuma pessoa, apenas alguns monstros e sem nem ter tanto sangue assim.


Counter Strike

Desenvolvedora: Valve
Lançamento: novembro de 2000
 

Esse jogo fica por último, porque já foi desproibido. Bom, creio que todos conheçam Counter Strike, certo? Um jogo de fps que tem dois times, um deles de terroristas e outro de anti-terroristas, sendo que o primeiro deve tentar implantar uma bomba enquanto o segundo tenta impedir. 

É um jogo bem básico e até divertido, que fez muito sucesso há uns 10 anos, durante a febre das Lan Houses. Hoje em dia, pelo surgimento de outros mais avançados do mesmo estilo, como Battlefield e Call of Duty, acabou perdendo sua força, mas ainda há muitos jogadores fiéis e são frequentes os campeonatos deste game.

Enfim, a história é a seguinte... em janeiro de 2008, a 17ª Vara Federal da Seção Judiciária de Minas Gerais, na mesma decisão que proibiu o EverQuest, levou o Counter Strike de bandeja, na decisão que mais comprovou o total desconhecimento sobre video games das pessoas que, infelizmente, têm o poder de proibi-los.

Por que estou dizendo isso? Simples, vejam essa explicação do Procon de Goiás, que diz que Counter Strike "reproduz a guerra entre bandidos e policiais e impressiona pelo realismo. No vídeo-game, traficantes do Rio de Janeiro seqüestram e levam para um morro três representantes da Organização das Nações Unidas. A polícia invade o local e é recebida a tiros".

Entenderam o drama? OS CARAS DERAM UMA DECISÃO BASEADOS EM UM MOD! Esse mapa da guerra na favela é uma modificação do Counter Strike, que nada tem a ver com o jogo original. E sinto muito Procon, mas, se você não sabe a diferença entre uma modificação e um jogo oficial, deveria pesquisar mais antes de dar uma opinião.

Felizmente, em junho de 2009 o Tribunal Regional Federal da 1ª Região proferiu uma decisão que permitiu que Counter Strike voltasse às prateleiras. Então hoje em dia já pode jogar, pessoal!



Além desses games, há outros que geraram muita polêmica e que até dizem terem sido proibidos, mas eu não consegui encontrar nenhuma informação realmente confiável sobre essa proibição. Me parece que a maior parte deles simplesmente recebeu uma classificação etária para maiores de 18 anos. Entre esses games estão Mortal Kombat, Manhunt, Rule of Rose e Postal. Caso eu esteja enganado, favor me darem um toque nos comentários.

Um comentário:

  1. se eu conseguir comprar um jogo proibido ''bully'' corro risco de perder minha conta?

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