segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Amnesia: The Dark Descent - RESENHA

Gênero: Survival Horror
Desenvolvedora: Frictional Games
Plataformas: PC
Lançamento: Setembro de 2010
Nota: 9,0 de 10,0
Onde comprar: http://store.steampowered.com/app/57300/


 
Levanta a mão quem gosta de Survival Horror! o/

Esse estilo de jogo, que começou a se popularizar com Alone in the Dark (1992) e chegou a seu auge com Resident Evil (1996) e Silent Hill (1999), acumulou milhões de fãs pelo mundo todo, atraídos tanto pelas histórias, que sempre são muito bem elaboradas, quanto pela sensação de terror que esses jogos proporcionavam. Quem não lembra do berro que deu no famoso corredor com os cachorros pulando pela janela? Ou do embrulho no estômago quando o mundo real se transformava no mundo alternativo bizarro de Silent Hill?

Pois é.... jogos realmente assustadores....


Tem algo lá embaixo! Não sei porque, mas acho que vou me arrepender
quando descobrir o que é

...ou não.

Em setembro de 2010, chegou ao Steam o jogo independente AMNESIA: THE DARK DESCENT, cuja proposta é fazer homens adultos e barbados chorarem e soluçarem como garotinhas de 5 anos. E que, aparentemente, cumpre muito bem a proposta.

Então, espere a meia-noite, se feche sozinho no quarto, com as luzes apagadas, coloque seu headphone e se prepare para passar uma semana tomando susto com sua própria sombra.

O jogo começa com o protagonista, Daniel, acordando nas profundezas do castelo de Brennenburg. Acontece que nosso querido personagem desconhecido não se lembra de nada sobre seu passado (será que ele tem amnésia? Caramba, será que o nome do jogo vem daí?) e, além de escapar desse lugar escuro e claustrofóbico, precisa descobrir como foi parar lá.


As várias salas abandonadas contribuem para tornar esse mundo mais crível

A história é contada por meio de anotações e mensagens deixadas pelo próprio Daniel para si mesmo. Durante o jogo, também, o personagem tem vários flashes de memória, em que se lembra de trechos dos fatos que o levaram a estar naquele lugar. Tudo isso é mostrado de uma maneira que não atrapalha o ritmo do jogo e que até ajuda na imersão do jogador.


Por falar em imersão, esse é todo o propósito dessa obra geradora de traumas. Quem já ouviu falar do mundinho, muito bem definido pela galera do MRG, sabe do que estou falando. Para abrir uma porta, não basta clicar nela, você deve puxá-la e torcer pra não se atrapalhar na hora em que um monstro pular no seu pescoço. Para abrir uma gaveta também, você deve clicar e arrastar. Itens devem ser carregados na sua mão e empurrados quando necessário. Isso tudo torna mais fácil o jogador sentir como se ele mesmo estivesse preso naquele castelo, tentando fugir.

Olha! Uma gosma bloqueando o caminho! Saudades de quando esse tipo
de coisa era o que tinha de mais assustador nos jogos

Ah, e eu mencionei que Daniel tem uma grande tendência a ficar louco? E não estou falando de louco de raiva, estou falando de clinicamente insano. Nosso amado esquecidinho tem um sério caso de medo do escuro (acabei de googlear, se chama nictofobia). Isso quer dizer que, se você ficar muito tempo em um ambiente sem luz, começará a ter alucinações, ver e ouvir insetos andando à sua volta, sua visão ficará turva e distorcida, terá falta de ar e diversos outros sintomas que te deixarão desesperado para ver a claridade novamente. E olha só, isso é realmente preocupante se você está em um castelo semi-abandonado quase todo imerso na escuridão.

Para lhe ajudar com esse problema, você tem à sua disposição uma lanterna, que é adquirida após alguns minutos de jogo, e tinderboxes, usadas para acender tochas ao longo do caminho. No entanto, é preciso usá-las com cuidado, porque não são tão comuns e a quantidade de áreas totalmente escuras é muito grande.

A lanterna será sua melhor amiga durante toda a aventura

"Okay, já entendemos. O jogo é assustador. Mas e o sistema de combate, como é?"

Hum... não é.

Em Amnesia, não existe sistema de combate, simplesmente porque você não luta. Não existe nenhum meio de você enfrentar ou derrotar os inimigos que aparecem. O que você faz, então? Corre e se esconde. No escuro. Sabe aquele lugar que te deixa louco se você ficar muito tempo? Esse mesmo. Fique aí abaixado, quietinho, tendo alucinações e torcendo pro monstro desistir de te encontrar. Boa sorte.

Tá vendo o monstro lá no fundo? Parece assustador?
Acredite, esse relance te tirará mais noites de sono do que cem zumbis juntos

Os monstros em Amnesia seguem um estilo bastante "Lovecraftiano". Suas aparições são poucas e bem espaçadas. Ao contrário de outros jogos de terror, você mal chega a ver qual a cara deles, mas a simples ideia de que estão lá, à espreita, esperando para aparecer a qualquer momento, fazendo sons que você ouve durante quase todo o tempo, sem saber atrás de qual porta estão, já é assustadora o bastante. É como naqueles filmes em que te dizem: "vou te assustar, mas não vou te dizer quando, pra você ficar cada vez mais ansioso e, na hora, até um livro caindo da prateleira vai te fazer pular no lustre".

O som é um show à parte. A música de fundo se resume a sons que enaltecem o que o protagonista ouve à sua volta. O que você mais escuta enquanto joga são os sons ambientes, como os grunhidos dos monstros, passos de alguma criatura invisível, o ranger das portas, o rastejar dos insetos, o soprar do vento, a própria respiração do Daniel... tudo isso planejado e medido da maneira exata para proporcionar o maior nível de cagaço possível.

Pedaços de um corpo humano. A essa altura do jogo você estará tão tenso
que ver isso será praticamente um alívio

O único ponto no qual Amnesia não se sobressai são os gráficos. Não que sejam particularmente ruins, apenas são ultrapassados pra época em que o game foi lançado. Em nenhum momento há um cenário em que o jogador fique de queixo caído pela beleza, apesar de também não haver nada mal feito. Apenas acho que, se o gráficos fossem um pouco melhores, seria ainda mais fácil se sentir dentro do jogo (pensando bem, talvez seja proposital. Se o jogo fosse ainda mais imersivo e assustador, teríamos uma epidemia de adultos em estado catatônico implorando pelas suas mães).

No final das contas, Amnesia é um ótimo jogo para quem busca uma história envolvente, junto com um clima de terror que eu nunca havia visto em qualquer jogo. Obviamente, isso deve ser feito da maneira certa: no escuro, sozinho, à noite, com headphones. Jogar em grupo, ou durante o dia, acaba tirando boa parte da experiência, mas é uma opção válida para quem, apesar de não gostar de jogos de terror, ficou interessado em descobrir o passado do nosso medroso protagonista, Daniel.

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